Dois rios
Dois estranhos
Duas nascentes
Diferentes caminhos
Águas tão próximas
Não se olham
Não se sentem
Não se tocam
Até que se esbarram
Num braço qualquer
Na leveza da correnteza
Na mistura da essência
Olhares que se beijaram
No acaso,
Na calma
Mal perceberam
Se envolveram
Como deveria ser
No desaparecer da alma
No destino ou querer
São leitos das mesmas águas
Que passam
Que correm
Não param
Mas sem querer
Se separam
Entre afluentes inertes
Novamente perdidos
Entre outras vertentes
De águas claras
Desejando um novo reencontro
Num caminho sem volta
Uma busca cansativa,
Ilusória
Até chegarem à foz,
Da vida ou da história,
Já sem esperanças
No alvorecer do fim
E de repente
Novo desfecho
Eu vi
Eram dois rios
Que desaguavam
No mesmo mar