sábado, 23 de abril de 2011

Sô-nê-tu

É um torto soneto
Em versos inconstantes
Com bem menos superego
Na fluidez do ide

Não se trata de rima rica
Tampouco rima pobre
Só o que vem na mente
Talvez você não goste

Os quartetos já passaram
Chega o meio-fim da leitura
E você continua aqui

Não há nada de diferente
Entre o último e o primeiro verso
Só um terceto meio torto no fim.

domingo, 17 de abril de 2011

Ontem

Passado,
Tão perto
E tão vivo

Presente,
Tão distante
Insignificante
Não sinto

Saudade,
Vestígios de você
Que em mim ficou

domingo, 10 de abril de 2011

Memory

Estava transitando
Entre pensamentos antigos
Saboreando experiências vividas
Contidas num sentimento de nostalgia

Durante este passeio
Reencontrei diversos personagens
Uns faziam parte de grandes livros
Outros apenas de alguns capítulos
Tão breves quanto o tempo que dividimos

Entre tantos
Aquele me chamou atenção
Estava velho e empoeirado
Jogado no chão

Não resisti,
Quando o abri
Enorme emoção tomou conta de mim
Alguém em especial estava ali
Acompanhado de melodias íntimas
Repleto de planos inacabados

Foi bom reviver aquilo
Abraçar minha saudade
Sentir o cheiro daquele perfume
Na envoltura do abraço apertado

Senti um aperto no peito
Uma vontade de chorar
O desejo de permanecer no ontem
Queria voltar

Até que a razão se exaltou
Mostrando-me que nada mudaria
O vazio que me acompanhou
Ali permaneceria

Como pode o tempo ser tão cruel?
A ponto de dar e depois tomar
Pessoas importantes da nossa vida
Como cobrança de um empréstimo
Sem direito a retorcidas

E como pode ele ser tão contrário a si?
Pois nada melhor que o tempo
Parar curar a dor sofrida
E depois como padecimento
Nos empresta outros personagens
Que acabam regenerando a vida

E é só por isso
Que aqueles livros estão lá
Apenas para te recordar

Talvez um dia
Eu seja só mais um personagem
Da história que você vai contar

sábado, 2 de abril de 2011

Hoje,

Um dia diferente
Nada acontece
E eu?
Ah, já não ligo

Finjo que não percebo
Que esqueço
Não lembro?
Engano

Só não houvera o passado,
Nem o começo,
Tampouco o presente

Tão doce
Amargo
Indiferente

As horas passaram
E apenas se foram
Levando a beleza
Do que se foi

Não vale chorar a dor
O sofrimento é tão normal
Cansei e ponto final

Tentar mudar o sentido do fim
Procurar uma saída, tolice
Seria só mais uma tentativa
Até chegar novamente à desilusão

São apenas portas fechadas
Entende?
Tempo esgotado,
Passo errado,
Um sacrifício em vão

Até tive medo
De perder o que comigo ficou
Quando ainda existia
Uma saudade presente

E de repente já não era nada
Só pedaços de papéis
Uma sutíl indiferença
Que me matara

E hoje,
Ando suportando a convivência
Deste amargo sentimento
Que fere por dentro
Apoderando-se da alma
Dilacerando o peito aberto

E por favor,
Não me venha com essa de amor.